A música, uma das mais antigas formas de expressão humana, desempenha um papel vital na Maçonaria, servindo como uma ferramenta para meditação, conexão e fortalecimento dos laços entre os irmãos. Esta relação entre música e maçonaria não é apenas uma questão de preferência estética, mas está profundamente enraizada na história, na cultura e na filosofia maçônica.

Elementos Fundamentais da Música

A música é organizada por meio de cinco elementos básicos que a definem: altura (pitch), ritmo, dinâmica, timbre e textura (ESTRELLA, 2017). A altura determina se um som é grave ou agudo, influenciando diretamente a melodia e a harmonia. O ritmo organiza as notas no tempo, criando padrões que dão estrutura à música. A dinâmica refere-se à variação de volume, adicionando emoção e intensidade às composições. O timbre distin gue diferentes instrumentos e vozes, enquanto a textura descreve a complexidade das camadas sonoras, podendo variar de monofônica a polifônica (ESTRELLA, 2017).

A Universalidade da Música

A presença da música em todas as culturas, passadas e presentes, indica que ela é uma característica intrínseca da experiência humana. Estudos sugerem que a música existe há pelo menos cinquenta mil anos, tendo se originado na África antes da dispersão dos povos pelo mundo (WALLIN, MERKER & BROWN, 2001). Essa longevidade demonstra a importância fundamental da música na formação e manutenção das sociedades humanas.

Música nas Artes Liberais

Na antiguidade clássica, a música era considerada uma das sete artes liberais essenciais para a formação de um indivíduo apto a participar da vida civil (CURTIUS, 2013). Essas artes eram divididas em trivium e quadrivium. O trivium incluía lógica, gramática e retórica, focadas na expressão da linguagem, enquanto o quadrivium abarcava aritmética, geometria, música e astronomia, destacando-se pelo seu caráter matemático (JOSEPH, MCGLINN & DMYTERKO, 2002). Pitágoras, um dos grandes pensadores dessa época, demonstrou a relação entre música e matemática ao descobrir que o tom produzido por uma corda vibrante é proporcional ao seu comprimento, estabelecendo as bases para a harmonia dos acordes (GLYDON, 2017).

A Matemática na Música

A interseção entre matemática e música vai além das descobertas de Pitágoras. Padrões rítmicos, métricas e até sequências como a de Fibonacci são encontrados em composições musicais. A estrutura contrapontista de fugas, por exemplo, utiliza complexos cálculos matemáticos para criar harmonias intricadas. Essa sinergia entre matemática e música reforça a importância da música como uma arte lógica e estruturada, essencial para o desenvolvimento intelectual e espiritual.

Música na Vida Cultural e Social

Em muitas culturas, a música é indispensável em rituais, cerimônias e eventos sociais. Ela não apenas embeleza esses momentos, mas também reforça a coesão social e a identidade cultural. Na Maçonaria, a música cumpre funções semelhantes, sendo utilizada para meditação e para fortalecer os laços entre os irmãos (HAMMER, 2012). Durante os rituais maçônicos, a música ajuda a manter a egrégora – a convergência dos pensamentos e intenções dos participantes – criando uma atmosfera de harmonia e união (LOJA MAÇÔNICA LIBERDADE E AMOR, 2014).

A Música nas Sessões Maçônicas

Nas lojas maçônicas, a música é representada pela coluna da harmonia, que pode incluir instrumentos musicais ou reprodutores de áudio responsáveis pela execução das composições durante as sessões ritualísticas (ARTE REAL, 2011). A escolha da música é feita com cuidado, visando transmitir a mensagem apropriada e manter os participantes em um estado de consciência espiritualmente focado. Recomenda-se utilizar músicas suaves e melodiosas, evitando canções cantadas que possam distrair ou provocar imagens mentais que rompam a harmonia da reunião (REVISTA UNIVERSO MAÇÔNICO, 2010).

Responsabilidade na Escolha Musical

A música possui um poder significativo sobre a harmonia de uma sessão maçônica, trazendo consigo a responsabilidade de escolher e executar os sons adequados. A seleção musical deve ser feita de forma a harmonizar a reunião, evitando qualquer dissonância que possa desviar o propósito do ritual. Isso implica em uma análise criteriosa das composições escolhidas, garantindo que elas complementem e enriqueçam a experiência espiritual e coletiva dos irmãos presentes.

Conclusão

A música, com sua capacidade de unificar emoções e pensamentos, é uma ferramenta essencial na Maçonaria. Ela não apenas enriquece os rituais e cerimônias, mas também fortalece a conexão entre os irmãos, promovendo uma atmosfera de harmonia e fraternidade. A integração cuidadosa da música nas práticas maçônicas reflete a profunda compreensão da arte musical como um meio de expressão espiritual e social, mantendo viva uma tradição milenar que continua a inspirar e unir pessoas ao redor do mundo.

Referências

Marcos Veloso

Thomas Edison
C∴M∴
O saber de salomão Nº11, GORJ
Que nossa ordem prospere!!!!

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